sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A política imprevisível de Içara

Os membros do PDT de Içara já se comportavam como oposição no cenário político da cidade. Tanto que não pensaram duas vezes antes de participar da chapa de oposição da Cooperaliança, antecipando um comportamento previsto também nas eleições de 2012. Isso até o prefeito Gentil da Luz mexer os seus "pauzinhos". Nomeou a pedetista Rita de Cássia da Secretaria de Assistência Social e incluiu o vereador Diego Vitorassi (PDT) como líder de governo na Câmara de Vereadores.

Agora o cenário volta a ficar confuso na imprevisível política de Içara. Afinal, convenhamos, ficará estranho um partido que assumiu o papel de líder de governo, entrar num time de oposição em 2012. Mas, depois que o PP se uniu ao PMDB no município, o "estranho" virou absolutamente normal no doce município...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tropo 2

Fofoquinha que está rolando na vizinhança do castelo dá conta de que o representante do castelo um não está nada interessado em unir forças com o povo lá do castelo dois. Dizem que foi uma estratégia para “acalmar os ânimos” da oposição no restante dos dias que ele tem frente ao palácio maior. Será? Isso explicaria muita coisa... Eita rei esperto!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ainda resta uma testemunha para contar história

Circulação tranquila entre as pessoas, pouco barulho e três guardas em frente ao portão. A cena do dia 24 de agosto de 1954 ainda está na memória de uma das únicas testemunhas de uma tragédia que marcou profundamente a história do país. O dia começou quente no Rio de Janeiro, às 5h40min o ar cáustico já podia ser sentido no interior do Palácio do Catete. No alojamento, atrás do castelo, o soldado do exército brasileiro Raulino Volpado, um jovem de apenas 18 anos, apertava o cinto, passava a mão no cabelo e verificava o funcionamento correto da pistola. Rumo ao portão do palácio, ele sabia que iniciava mais uma difícil missão: proteger o presidente da república, o ilustre Getúlio Vargas.


Nos últimos dias o clima tinha sido tenso: a aeronáutica sobrevoava constantemente o castelo. A pressão piorava a cada dia: queriam que Vargas renunciasse o cargo e a qualquer momento um tiroteio poderia iniciar em direção ao castelo e o cenário tranquilo se converter em guerra. Volpato sabia que precisava estar preparado. O fato de ter o perfil para guardar a casa da autoridade máxima do país já dava a ele a segurança que precisava. O presidente ainda dormia no quarto que ficava no terceiro andar do palácio. Lá, ninguém entrava, o presidente estava seguro. Não sabia o jovem que em poucos minutos a pior notícia recebida pela população daquela época, seria dada diante dos olhos dele.

Hoje, com 75 anos, o ex-soldado, com mãos já trêmulas, apóia as fotos antigas sobre as mãos, e ainda consegue lembrar-se de cada passo dado no dia que abalizou a passagem de um rito jamais esquecido pelo mundo inteiro. “Comecei a trabalhar às oito horas, junto com dois outros colegas, tudo seguia dentro do normal até a chegada do barbeiro”, conta Volpato. A rotina do presidente seguia na mesma ordem todos os dias. Vaidoso, ele nunca saia do quarto sem antes receber um “trato” do barbeiro. “Quando o profissional chegou no quarto de Getúlio notou que estava trancado, o que era bem estranho já que todos os dias de manhã a porta se mantinha aberta”, relembra. Cansado de bater e chamar o presidente, o barbeiro desistiu e comunicou às pessoas que o presidente não atendia aos chamados. O superior de volpato acionou um chaveiro e seguiu até o quarto de Vargas para abrir a porta.O cenário não foi presenciado pelo ex-soldado, mas depois que chegou a notícia, com lágrimas e desesperos, ele podia imaginar o simpático presidente, com o pijama que costumava vestir, jogado na cama e em cima de lençóis já sujo pelo sangue daquele que foi considerado pelo Brasil “o pai dos pobres”.

Volpato ainda consegue lembrar-se de Vargas sentado na varanda do castelo, tomando o clássico chimarrão, e repetindo até mesmo aos funcionários. “Daqui eu só saio morto”. Sim, esta frase foi ouvida pelo ex-integrante do exército brasileiro e jamais sairá da reminiscência dele. “Ele realmente cumpriu com o que prometeu, não se rendeu para as forças armadas, sabia que se não tirasse a própria vida, a aeronáutica tiraria”, diz. Para quem ainda tem dúvidas quanto ao suicídio de Getúlio Vargas, que é controverso na historia brasileiro, já que se mantém contrariado por alguns críticos historiadores, Volpato,do contrário, tem certeza que não existe mistério. “Eu estava lá, ninguém entrou no castelo naquele dia, Vargas dormia sozinho, entrou no quarto sem ninguém e saiu sem vida”, garante o ex-soldado.

Para ele, o principal motivador da atitude do presidente chama-se Carlos Lacerda, um jornalista que, na época era inimigo político do presidente, e foi opositor da campanha de Vargas em 1950. “Tentaram matar o jornalista e acabaram atirando na pessoa errada, esse episódio foi o início de toda pressão vivida por Vargas, até a morte dele”, descreve Volpato. A cena exposta ocorreu no dia cinco de agosto de 1954, quando, na tentativa de atirarem em Lacerda, o tiro foi contra o major-aviador Rubens Vaz. A morte dele revoltou a Aeronáutica e a pressão a cada dia tomou dimensões maiores.

De volta ao cenário principal, onde o principal protagonista de uma história de mudança no Brasil partiu deixando apenas uma carta de desabafo, Volpato conta que em três horas o corpo foi levado para o IML . Já no caixão, ele lembra o cadáver de Vargas permaneceu por três dias no Palácio de Catete. “Milhares de pessoas de todo o Brasil foram se despedir dele, muitas desmaiaram quando confirmaram o que o rádio estava noticiando, eu jamais esquecerei das filas quilométricas que se mantinham no palácio aguardando apenas o último minuto ao lado dele”, conta emocionado. Vários aviões que abrigavam flores também fizeram parte da homenagem. “Eu nunca vi tantas flores, era gente de toda parte que mandava as rosas afim de se despedir dele”, relembra. Aqueles também foram os últimos dias de Volpato no Palácio do Catete. Experiência única, que ele jamais esquecerá e, enquanto estiver vivo, continuará testemunhando uma história que ele também fez parte.

Morador de Urussanga, o ex-soldado não conseguiu se conter apenas com as lembranças. O sonho era voltar ao Rio de Janeiro e ir novamente ao castelo que atualmente se matem como museu, recebendo pessoas de todo o mundo, em todos os anos. “Houve uma época que ele ficou agoniado, precisava voltar lá para reviver os momentos do passado”, conta o filho do ex-soldado, Fernando Volpato. Em 2008, o sonho foi realizado: ele voltou ao Rio e foi direto ao antigo, bem antigo, ambiente de trabalho. “Os funcionários do museu nem acreditaram quando ele contou que tinha trabalhado no palácio, disseram que poucos são os que voltam ao local”, conta ainda o filho.

No interior do castelo todos que visitavam a casa antiga param para ouvir Volpato. Cada objeto, cada piso, cada movimento, uma história para contar. “Tudo está exatamente do jeito que estava quando ele morreu, a mesma louça sobre a mesa, o mesmo lençol na cama, os mesmos tapetes, o cenário é igual”, diz. A emoção tomou conta dele, quando chegou ao quarto que era de Vargas. “Lembrei de quando deram a notícia da morte dele, eu fiquei paralisado, sem saber o que fazer, não conseguia acreditar”, relembra.

Hoje aposentado e ainda acompanhante das mudanças da política brasileira, o ex-soldado garante que tudo era muito melhor naquela época. “As coisas eram mais controladas, existia organização por parte dos representantes, Vargas fez muita coisa pelo Brasil”, conta acrescentando que o popular “pai dos pobres” ia fechar o mandato com chave de ouro, não fosse as pressões daquela época. “O único presidente que conseguiu chegar perto do perfil dele foi o Lula (Luis Inácio Lula da Silva) que também teve um mandato focado nas classes baixas”, opina.

O ex-soldado, não só participou da história de Vargas como se mantém como um admirador e, a cada dia, busca um pouco mais sobre a biografia do ex-presidente. Na estante, pilhas de livros, sob diferentes perspectivas, narram a história da qual ele participou. Todos já foram lidos por Volpato que, muitas vezes, pode discordar com determinadas descrições já que viu com os próprios olhos tudo o que ocorreu. Para quem tem dúvidas do que aconteceu na manhã do dia 24 de agosto de 1954, ainda resta uma testemunha viva para contar história.

(Texto: Kelley Alves | Jornal A Tribuna)