quarta-feira, 18 de março de 2009

Opinião: Expresso Coletivo Içarense: que vergonha!


Na manhã do último sábado, dia 15, precisei tomar um ônibus para me deslocar ao balneário Rincão. (dia inclusive que ocorreu a final do Garota Verão, por isso já era de se esperar o excesso de movimento).

Ao entrar no veículo, quase não havia acentos disponíveis e o movimento já era intenso. Mesmo assim, consegui um lugarzinho ao lado de um senhor. Foram preciso apenas duas paradas para que o veículo já estivesse com todos os lugares e corredor ocupados.

De início, achei normal. Tirei um livro da bolsa afim de desfrutar de uma boa leitura durante o percurso. De repente, o ar não era o mesmo naquele local. A mistura de perfumes, que dava sensação de enjôo, se tornou nula perto do constrangimento de estar quase em cima do senhor que estava ao meu lado.

Tirei os olhos do livro e não acreditei no que estava ocorrendo: o número de pessoas era suficiente para preencher quatro ônibus. O fluxo no corredor era tanto que eu, sentada, estava sendo empurrada para o lado (praticamente em cima do passageiro ao lado), porque aquelas pessoas que, como eu, pagaram (e não foi pouco) para estar ali, praticamente lutavam por um mísero lugar no corredor.

Que transtorno, que absurdo! O calor era intenso. O pior de tudo é que parecia que, de certa forma, aqueles cidadãos já estavam conformados com aquela situação. Ninguém questionou, ninguém reclamou. O que ocorria era alguns comentários isolados, que naquele momento não faziam diferença.

Crianças e idosos estavam a bordo e não foram respeitados. Onde está a fiscalização para barrar esses absurdos? De que adianta tanta aquisição de ônibus com ar-condicionado se, na hora da “pressão”, a empresa sequer é capaz de mandar outros ônibus para emergência. Tremenda falta de organização!

Agora eu alerto: empresários dessa empresa deveriam procurar ficar a par dos acontecimentos da cidade. Se a final do Garota Verão ia ocorrer no Rincão, o mínimo a se esperar é movimento intenso nessa data. Além do mais, os motoristas não enxergam o número de pessoas que saem da rodoviária? O leitor e todos dessa empresa devem concordar que o mínimo de sabedoria deixaria claro que o movimento de partida grande é consequência de outro grande movimento que já estará esperando nos bairros e no centro.

Obs: A imagem em questão não trata-se do registro real do acontecimento, sendo anexada apenas para ilustrar a idéia do leitor.

E continua a luta meio ambiente & Desenvolvimento


Tudo era calmo e tranquilo, até um barulho começar a causar a inquietação da comunidade de Treviso. A cidade era conhecida pelas cachoeiras e riquezas naturais que davam referencia ao pólo turístico, levando o nome da região a vários pontos do sul catarinense.


Certo dia, ouviu-se algo sobre o minério de carvão. Os moradores, que ainda não tinham muita noção do assunto, passaram a acreditar em técnicos que explicavam o quanto a tecnologia era moderna e que a mineração já não trazia prejuízos à natureza.


“Com o passar do tempo, frequentes ruídos geravam incômodo aqui no centro da cidade... Quando ficamos sabendo, a mina já estava passando por baixo das nossas casas a menos de três metros”, relembrou a comerciante, Ibraína Goulart, autora de todas as informações decorrentes até aqui.


Na sexta-feira, dia 14, representantes do Movimento Içarense Pela Vida, junto a algumas pessoas de Içara, viajaram à cidade a fim de visitar as zonas rural e urbana, onde constataram o estrago da mineração.


“Um agricultor daquela região tinha uma fazenda com dois lagos e dois poços. Ambos secaram e o cidadão perdeu 50% da produção e dos animais que tinha no local”, contou o engenheiro civil de Içara, José Dionísio Cardoso, que auxilia a perícia dos estragos causados pela mineração em Treviso.


De acordo com ele, mais de 90 csas foram prejudicadas e viveram a consequência da exploração. “Uma delas foi destruída duas vezes, até que finalmente os moradores tiveram que mudar o local”, ressaltou o engenheiro, lamentando a realidade na cidade.


O integrante do movimento, o empresário Renato Brígido, que representa a Igreja Católica na causa, faz um apelo à população: “O que encontramos em Treviso foi assustador. Se nós, cidadãos içarenses, não fizermos alguma coisa para impedir esta ação, teremos sérios prejuízos no futuro”, prevê.


De acordo com o representante religioso, não haverá recuperação ambiental. Ele ainda contou o episódio temível, também ocorrido em Treviso. “As vibrações decorridas da detonação do solo causaram rachaduras nas paredes das casas. Certa vez, a situação foi tão agravante que um morador nos contou que se surpreendeu quando uma garrafa de champagne caiu da prateleira”, contou Renato.


“Se a população deseja honrar com os seus filhos e com a futura geração, é preciso agora mesmo que se faça uma mobilização para sensibilizar as autoridades e dar um fim ao que já esta para acontecer”, sinalizou, completando.
O representante da Câmara de Dirigentes Logísticas (CDL), Jader de Souza, voltou surpreendido com o cenário que presenciou. “Não existe respeito com a comunidade nem responsabilidade com o meio ambiente”, protestou.


O Movimento Içarense Pela Vida está à disposição de quem quiser participar da luta contra a instalação da Mina-101 nas localidades de Santa Cruz e Esperança.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Necessidade do Plano Diretor em Içara


Pela manhã, ao abrir a janela de casa, a moradora do bairro Mira Sol precisa manter os olhos fechados. Em dias de ventos intensos, todo o ambiente fica tomado pela areia, que, misturada à sujeira das dunas, torna o local inadequado e sem estruturas físicas à sobrevivência.


O drama acima é vivenciado por esta cidadã que, sem condições financeiras, construiu a casa acima das dunas do Bairro Mirassol no balneário Rincão. Ela não quis se identificar com medo de lhe retirarem o único bem: a casa, que mesmo mal estruturada, lhe garante abrigo todas as noites.


Outros moradores do bairro vivem a mesma situação. A pobreza e as condições precárias obrigam essas famílias a se instalarem em locais impróprios, podendo causar danos às estruturas da cidade.


O Plano Diretor serve para regularizar, estudar e evitar estas e outras situações decorrentes em cidades em desenvolvimento. É um conjunto de regras básicas que determinam o que pode e o que não pode ser feito em cada parte de cidade.


Contudo, o Plano Diretor de Içara e das regiões que são contornadas pela BR-101 não tem se cumprido na região. Problemas que ocorreram na antiga gestão tiraram o foco dessa obrigação o que agravou ainda mais a situação. A empresa escolhida por meio da licitação não cumpriu com as demandas do acordo.


O impasse foi discutido ontem com a Procuradoria da república. Também participou do encontro representantes da empresa Hardt Engemi, que teria que apontar os rumos para um desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente equilibrado das regiões e não o fez.


O procurador do município, Walterney Réus, esteve no encontro para tentar regulamentar a questão que é de obrigação de toda cidade com mais de 20 mil habitantes.
Agora cabe a administração Municipal, direcionar moradias estruturadas para as famílias, que, com certeza, não serão desamparadas.

Contar, ilustrar ou repetir?


por Kelley Alves



Os jornalistas da sociedade contemporânea a cada dia têm buscado meios que venham a fazer a diferença dentro do âmbito social. Cada profissional, que tem por objetivo representar a sociedade, se vê diariamente com o famoso questionamento: quais ferramentas são necessárias para que o jornalismo ganhe sentido na vida das pessoas?


Alguns optam por contar o fato. Outros acham o bastante repetir tudo o que já foi falado, mas seriam estes os representantes que o mundo atual necessita para ser bem representado perante os inúmeros problemas que assolam o mundo?


É fácil notar a diferença de um jornalista “apaixonado” e de um profissional apenas interessado em cumprir as tarefas do dia-a-dia. Comecei a notar esta diferença quando passei a ler textos literários. Este é o ponto! O jornalista que se submete a fazer este trabalho é aquele que vive a situação, que vive a personagem. Aquele que faz o leitor “saborear” o contexto, de forma que torna-se dispensável o uso de imagens, já que as próprias linhas por si conseguem assimilar cada episódio e cada característica, em um mundo em que o próprio leitor passa a participar e viver, a partir do momento em que começa a leitura.


O jornalista apaixonado é aquele que não mede esforços para ir em busca dos fatos, aquele que cumpri fielmente com o papel que tanto aprendeu nos bancos universitários: representar as pessoas e a desigualdade social. Ele combate a corrupção e não se deixa levar por doutrinas partidárias ou subornos financeiros. Afinal, se a realidade é dura e injusta, então o papel do jornalista é o de lutar para defender a causa da sociedade e, se possível, ser advogado desta.


É preciso contar ao mundo o desconhecido. Aquele pedacinho de terra jogado às margens de uma sociedade bem estruturada também vive, também pensa e principalmente tem dificuldades de sobrevivência. O cenário dramático e obscuro de um povo que luta com dificuldades apenas pelo “pão de cada dia” precisa se tornar a principal manchete de revistas e jornais. Precisa ser o alvo dos jornalistas. Só quando isso acontecer, o profissional que estuda para representar o povo, finalmente estará cumprindo com o seu real papel na sociedade.