
Donato tinha 15 anos quando soldou o primeiro ferro. A profissão foi uma herança do pai, que assim como ele, começou cedo. Atualmente, Pedro Dal Pont, tem 88 anos e é aposentado. Ele deixou os negócios por conta do filho. "Tenho sete irmãos. Todos nós ajudávamos meu pai nos trabalhos da ferraria, mas o único que persistiu no ramo fui eu", contou o último dos ferreiros da região de Içara.
Dal Pont também revelou que a partir do ano que vem Içara não mais contará com os serviços da ferraria. "Assim como o meu pai eu estou quase me aposentando. Já trabalho há 44 anos nesse ramo, agora preciso descansar", confessou. Sendo assim, a profissão estará completamente extinta da região, pois ninguém mais da família tem interesse no ramo.
Apesar de estar prestes a abandonar o arado, o ferreiro fez questão de ressaltar o quanto é apaixonado pelo o-fício. "Ser ferreiro é um dom que as pessoas deveriam melhor valorizar, pois trata-se de uma profissão antiga e fascinante", comentou.
Poucas regiões do país possuem ferraria. A profissão, que em tempos atrás era valorizada, hoje esta completamente esquecida. Isso graças a evolução da tecnologia que oferece meios mais fáceis para a realização do trabalho. Um bom exemplo de um livro antigo, e que cita o termo, é a bíblia. O primeiro livro (Gênesis) fala de Tubalcaim que teria sido o ancestral de todos os arte-sãos que trabalham com o ferro e o bronze.
Vale observar que o nome bíblico Tubalcaim se compõe de Tubal (região do Oriente, rica em depósitos de metal) e Caim que, em várias línguas semíticas, significa ferreiro. Sendo assim, Tubalcaim seria o apelido de um ferreiro da região de Tubal, a quem a tradição bíblica confere o título de pai de todos os ferreiros de todos os tempos e transforma o cognome em nome próprio.